CRONOLOGIA DO MOVIMENTO SURREALISTA EM PORTUGAL
(desde 1949, ano da I Exposição dos Surrealistas)
1949
Maio:
"O Surrealismo e o Seu Público em 1949": Cruzeiro Seixas,
Pedro Oom, António Maria Lisboa, Mário Cesariny, Henrique Risques
Pereira, Carlos Eurico da Costa, Fernando Alves dos Santos. Em carta
dirigida a Mário Cesariny, Mário Henrique Leiria solidariza-se com as
comunicações efectuadas. Estas originaram debates de que os iniciadores
se abstiveram e duraram um mês, terminando na saída par a rua de um
"enterro do surrealismo" que, por falta de organização conducente,
acabou na esquadra.
Junho-Julho:
"I Exposição dos
Surrealistas" na antiga sala de projecções da "Pathé Baby", Rua Agusto
Rosa. No catálogo: Henrique Risques Pereira: Tinturas e Desenhos Pour
exciter la Nuit". Mário Cesariny: Objecto de Funcionamento Real,
Homenagem a Lautréamont, Comunicação de um Acaso de Paranóia Fonética,
Tinturas, Desenhos. Pedro Oom: Musiques Érotiques. Fernando José
Francisco: Pintura. António Maria Lisboa: Pequena História a Mais
Fantástica dos Amorosos, Recordação da Infância, Marfim, Peixe,
Represerntação do Acto Falhado, Desenhos. Fernando Alves dos Santos:
Poemas e uma Mala. Carlos Eurico da Costa: Grafoautografia. Mário
Henrique Leiria: Tinturas, Objectos. Colagens, Auto-Retrato, Análise de
Urinas. Atnónio Paulo Tomaz: 49 Desenhos. Artur do Cruzeiro Seixas:
Desenhos-Pinturas, Colagens. João Artur da Silva: Imagem da Lua,
Sonho-Doente, Colagem. Carlos Calvet, extracatálogo: bicho que dá nas
praias.
Escaramuça (vide nota de CM abaixo) no jornal "Sol"
entre João Gaspar Simões e J.-A. França-A. O´Neill, autores, com António
Pedro, de três "cadernos surrealistas" vindos a lume. Gaspar Simões
conta uma anedota. França acusa falta de higiene moral. Mário Cesariny e
Pedro Oom, páram a escaramuça com a publicação dos "Os Surrealistas
dizem de sua justiça" (título da publicação do jornal.
António Maria Lisboa escreve os poemas de "Ossóptico" e o manifesto "Erro Próprio".
Pedro Oom: poemas de "O Homem Bisado", versos susceptíveis de serem
intercalados uns pelos outros mudando a sua posição no poema sem que
este perca a vibração poética. Escreve um manifesto "abjeccionista" que
entretanto se perdeu (como a quase totalidade dos seus poemas deta
época). Compõe, dentro do mesmo espírito, um baralho de cartas onde
estão escritos versos, ou expressões poéticas, cuja leitura é
susceptível de ordenar o futuro imediato. Escreve e obtém as primeiras
provas tipográficas de um outro longo poema cujo original se perde
também, com as provas. Da sua intensa actividade poética nesta época e
dos textos chegados até hoje restam os poemas "O Sonhador
Espacializado", "Um Ontem Cão", os poemas de "A Afixação Proibida" e
alguns, escassos, inéditos. No entanto muitas das mais importantes
posições assumidas por António Maria Lisboa no manifesto "Erro Próprio"
resultam do convívio com Pedro Oom.
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Nota: A escaramuça a que a Cronologia de Mário Cesariny faz referência é
um dos exemplos da turbulência aquando da formação do GSL, turbulência a
que fiz referência na apresentação desta Cronologia e a razão porque decidimos iniciar a mesma em 1949.
GSL= Grupo Surrealista de Lisboa
(Continua)